A Alminha que queria viver no Céu
Era uma vez uma alminha que gostava muito de ir ao Céu. Ela subia e descia. Não tinha dificuldade nem em subir, nem em descer, e nem em subir novamente. Ela conseguia ir lá para cima sem esforço, e ia para onde lhe apetecia. Depois ficava por lá. Ficava nos Jardins de Luz, nas Montanhas de Vento a passear, a brincar, a meditar. A entrar dentro de si própria para consolidar a sua energia única.
Sentia uma paz tão grande, uma tranquilidade tão grande, que quando tinha que voltar para a Terra, estranhava que as coisas cá em baixo não tivessem a mesma energia. Ela achava muito esquisito que as pessoas reclamassem que na Terra não havia amor. Não havia energia de Céu. Mas nenhuma delas trazia essa vibração para a sua vida. Para a vida de todos.
A alminha, de tanto passar tempo no Céu, começou a notar que as coisas na Terra, para ela, já não tinham tanta importância. Nada do que havia por aqui a seduzia, nada a fazia vibrar. A paz lá de cima era suficiente. Aquela sensação incrível de pertencer ao Céu preenchia-a completamente. Mas o problema é que não podia ficar lá em cima sempre. O lugar dela era cá em baixo. E o povo do Céu começou a chamar a atenção:
- Não podes ficar sempre por aqui. Tens que te integrar lá em baixo. Tens que encontrar o encanto de viver na matéria. - estavam sempre a dizer-lhe.
E ela começou a sua jornada de encontrar o encanto da vida na Terra. No início foi muito difícil. Não sabia o que fazer, como iria conseguir gostar desta vida tão dual, tão difícil?
Até que teve uma ideia.
- Vou deixar de subir! Se tenho que encontrar o encanto da vida cá em baixo, não é subindo para aquela paz inacreditável que eu vou conseguir. Está decidido. Não subo mais.
Foi mesmo duro. A vida exclusivamente na matéria era insuportável para aquela alminha sensível, tão habituada a leveza e amplitude. Mas a alminha estava decidida. Foi vivendo o melhor que pôde, sempre a tentar ver o melhor das coisas, sempre à procura do encanto. Depois de algum tempo já se sentia mais integrada na matéria. Foi nessa altura que resolveu fazer um teste. Começou a rejeitar tudo o que não lhe fazia bem. Coisas, pessoas, situações, ambientes, tudo o que não a ampliasse, ela rejeitava. Como se tivesse uma gabardina e a chuva escorresse sem a molhar, assim ela fazia com as energias que não a deixassem melhor do que estava antes de entrar em contacto com elas.
E assim foi praticando a arte de vibrar em harmonia, frequência já mais próxima da de lá de cima. Tinha tantas saudades...
Chegou uma altura que já nada a aborrecia, pois já tinha aprendido a não misturar a sua energia com nada que não lhe fizesse bem. Aí resolveu avançar um pouco mais. Começou a procurar coisas que lhe dessem imenso prazer. Se tinha que ficar na matéria, pelo menos que fosse divertido. E começou a pensar em coisas que a animavam, que a divertiam. E quanto mais fazia essas coisas, mais ia ficando feliz, e mais a sua essência brilhava. Começou então a viver no círculo de felicidade.
Até que, como já estava avançada no seu trabalho de casa de encontrar o encanto cá em baixo, permitiu-se voltar a ir lá acima. Passou a ir ao Céu de vez em quando buscar aquela paz que tanto gostava. Até que um dia teve outra ideia:
- Se eu conseguir viver cá em baixo o mais próximo possível da energia lá de cima, vou ser muito mais feliz! E vou poder subir e descer sem me ressentir das mudanças energéticas, porque vai ser sempre a mesma. E assim foi. Começou a emanar essa paz que conhecia e admirava para todos os recantos da sua vida. Emanava para as pessoas, para os lugares, circunstâncias, eventos, tudo começou a receber essa energia de Céu.
Ao mesmo tempo continuava a rejeitar todas as coisas que não lhe davam essa mesma paz. E essa paz foi aumentando, aumentando, aumentando, até que um dia, ela conseguiu estar cá em baixo exatamente como estava lá em cima, no Céu. Ela conseguiu trazer o Céu à Terra, unir a energia dos dois. Como estava feliz a nossa Alminha!
E foi no momento em que conseguiu isso, foi nesse instante, que se deu a explosão de energia! Foi nesse instante que ela recebeu a informação de que não precisava mais ficar cá em baixo na dualidade, porque tinha encontrado a unidade. Tinha recebido a autorização para finalmente voltar para casa.
Hoje ela vive no céu, feliz da vida, e utiliza o seu tempo eterno a ajudar as alminhas que não se conseguem integrar na Terra a encontrar o encanto cá em baixo. Para um dia, como ela, poderem voltar para casa. Para poderem viver em paz.