Contar com o povo do Céu
Hoje em dia queremos que tudo seja visto.
Cada um de nós quer que qualquer coisa que faça, escolha, ou conquiste, seja reconhecida, aplaudida e celebrada.
Nos dias de hoje em que tudo tem de ser rápido e simples, não nos permitimos fazer as coisas devagar. Não deixamos que a vida seja misteriosa e secreta.
Tudo tem de ser claro, seguro e rápido. Se alguma coisa demora muito tempo, desistimos. Dá demasiado trabalho tentar alcançar algo se tivermos de esperar pelos resultados, se alterar os nossos timings.
Por isso, desde muito cedo, quando começamos a fazer escolhas na vida, nós não escolhemos o que nos vai trazer paz, tranquilidade e felicidade –tudo metas subjetivas. Em vez disso, nós só escolhemos coisas que nos tragam resultados rápidos – tudo coisas objetivas.
E acima de tudo, escolhemos coisas de acordo com os resultados que podemos mostrar a outras pessoas – para que nos aceitem, nos respeitem e falem sobre nós.
E porquê?
Porque acreditamos que “se alguém me respeita, vou ser uma pessoa respeitável”. Eu acredito que se alguém me elogia, vou ser uma pessoa "elogiável".
E é aqui que perdemos a capacidade de pensar por nós próprios que somos pessoas respeitáveis e "elogiáveis". Perdemos a capacidade de sentir quem somos realmente. Precisamos que os outros nos digam quem somos.
O poder de saber quem somos mudou de mãos. E nós deixámos que isto acontecesse.
É por isso que temos vidas tão dependentes. Dependentes dos outros, do que eles pensam ou dizem sobre nós. Precisamos que eles escolham por nós, que pensem por nós, que “sejam” por nós. Porque precisamos que eles nos digam quem somos – ou quem precisamos de ser.
E neste processo perdemos o nosso “eu”. Perdemos a nossa essência, perdemos o nosso mundo interior.
Perdemos os nossos sonhos, e a nossa capacidade de os concretizar. Perdemos a nossa alma.
Neste processo de mudança de poder, perdemos a nossa intuição e a nossa relação com o "Povo do Céu" - seres de luz que nos inspiram e protegem, a partir da nossa energia original.
Perdemos a comunicação/o contacto com a nossa própria energia.
Já não usamos a sabedoria e perícia dos seres de luz para nos ajudar nesta jornada na Terra.
Estamos sozinhos, agora. Sozinhos com a nossa vida, sozinhos com as nossas frágeis mentes, sozinhos com os nossos conceitos absurdos do que é a vida.
Já não há magia. A vida deixou de ser misteriosa.
E nada disto nos levou a bom porto. Somos pessoas tristes, agora, Não, não apenas tristes. Para dizer a verdade, somos pessoas extremamente infelizes agora. Desistimos do Céu e de toda sua capacidade de nos guiar.
A boa notícia é que nem tudo está arruinado, ainda.
Mas temos de fazer alguma coisa. Não podemos continuar a pensar desta maneira, a viver desta maneira, a fazer este tipo de escolhas.
Nós precisamos urgentemente de virar isto tudo ao contrário.